domingo, 21 de março de 2010

Um adeus a Rainha do Rap



Morre Dina Di, grande guerreira do hip hop nacional
por Jéssica Balbino

Com uma vida nada fácil, ela foi a primeira a esmurrar a porta do barraco brasileiro e anunciar as mulheres no rap. Uma mina de fato, como poucas dentro do hip hop.
A atitude e a força na voz a fazem a "Rainha do Rap", eternizada mesmo após a confirmação da sua morte às 23h30 de sexta-feira (19).
Vítima de uma infecção hospitalar após o parto da filha no último dia 2 de março, Dina Di deixou o mundo que nem sempre lhe foi o melhor lugar e partiu.
No legado ela deixa o estilo e a rima na ponta da língua. Tinha o rapper na carne e transformava as feridas arrombadas em letras. Dos CDs gravados, ficou conhecida após se apresentar como "a noiva de chuck" e o casamento só aconteceu há pouco tempo.
Conheceu o hip hop aos 16 anos e escondida em roupas largas e bonés, apresentou as primeiras rimas, sempre defedendo o universo feminina.
Morreu após dar a luz, na maior representação feminina que existe, o parto e o nascimento de um filho. Por ser conhecida, tem a história divulgada. Vítima de mais um sistema de saúde falido no nosso país. Com a visão que tinha da rua, montou um grupo de mesmo nome e gravou três CDs que ganharam os guetos rapidamente.
Entre as vozes femininas do rap, Dina Di foi quem mais levantou a bandeira do movimento. Vítima do próprio sistema que tenta combater, viveu uma vida literalmente à margem da sociedade.
Não teve tempo de amamentar a filha como deveria e nem de vê-la crescer. Deixou mais uma, entre as milhares do Brasil, criança sem mãe neste país que não é pátria.
Mesmo sendo quase invisível no sistema que o hip hop combate, ela foi uma denúncia andante, conceituou o rap na carne. Sempre teve medo de descern do palco e ver a Dina Di morrer. Antes de ir para o hospital, estava agendando shows por todo o Brasil. Não deu tempo de visitar Poços de Caldas. Antes de se tornar conhecida, perdeu as contas de quantas vezes passou pela Febem desde que fugir de casa, aos 13 anos.
O pai de Dina Di era mestre de obras e morreu engasgado com um pedaço de carne num boteco, na periferia. A mãe dela era camelô e foi assassinada dentro de casa, uma morte lenta e dolorosa, ela foi asfixiada com um pedaço de pano que lhe enfiaram na garganta, enquanto estava amarrada com os fios do varal de roupas.
Mas, nada disso a impediu de escrever com as vísceras e alma, relatando todas as dores que a perfuram. Certa vez uma reportagem foi finalizada com a seguinte frase: "palco, diante de milhares de sobras humanas com voz e com raiva, Dina Dee e os seus têm chance de não morrer no beco".
Que pena que o otimismo não foi o suficiente. Ela morreu antes da hora. Se foi antes do tempo. Não ensinou tudo que podia e nem cantou tudo que queria.
Mas, talvez nós, que acompanhamos esta trajetória e sabemos das dores de sermos tachados de trapos humanos consigamos melhorar um pouco a nossa periferia, a nossa volta e não percamos mais mulheres para a saúde falida do nosso país.


Guerreira, vai com Deus, vai em paz !
Hoje o hip hop chora: paz, amor, diversão e união a todos irmãos que compartilham a mesma dor desta perda horrível ! Rainha, tá doendo muito, viu !
Serviço - Dina Di foi sepultada no Cemitério da Vila Formosa às 16h de sábado (20/03/10)
fonte: http://jessicabalbi no.blogspot. com/

Agenda da semana.

Segunda – feira – 22/03, 14hs – Reunião com lideranças de Camaçari com o Deputado federal Luiz Alberto. Local: Centro de referencia na atenção da Mulher Yolanda Pires. Endereço: bairro Dois de Julho.
Terça – Feira: 23/03, ás 10hs– Reunião com a Superientende Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia, Valdeci Nascimento. Local: SEPROMI – CAB ( Salvador).
Quarta Feira – 24/03, 14hs – Reunião no Escritório Politico do Fórum de Juventude Negra. Condomínio Edifício Themis Matriz, 4º andar. Praça da Sé – Salvador.
Quinta – feira - 25/03 ás 16hs - Audiência Pública sobre a Cidade Técnica Universitária e o Ensino Superior em Camaçari, na Câmara de Vereadores de Camaçari.
Sexta-feira, 26 de março, 10:30 hs, Conferência de Marilena Chauí, UTOPIA E DISTOPIA, no Salão Nobre da Reitoria da UFBA/ *14h, auditório SJCDH 11º Colóquio Inovações Legislação Penal e dos Direitos Humanos:“A Mulher no Sistema Penitenciário”.
Sábado - 27 de março, 10hs, no Espaço Memoria Tour Comunitário no Calafate Resgatando as histórias das NOSSAS MULHERES NEGRAS. 33832492
Domingo - 28 de março, Seminário Mulheres em Areias, Paz em casa é o começo para a paz nas ruas. Local: Associação Unidos de Areias/ *08hs ás 17hs, Encontros Setoriais do PT, Local: Faculdade de Arquitetura, Ufba Federação.

terça-feira, 9 de março de 2010

O PAC da Igualdade no Brasil

Por Sérgio São Bernardo*
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, neste mês de março de 2010, um debate que poderá ser considerado um divisor de águas para a hermenêutica jurídica brasileira: a constitucionalidade das ações afirmativas e se ela pode ser estendida a uma maioria negra e parda baseada em critérios de raça. Por isso, a adequação jurídico-institucion al dos mecanismos de ações afirmativas e o alcance de graus razoáveis de justiça política materializada nos índices que mensuram a vida digna e equitativa entre os pertencentes de uma mesma nação têm motivado debates acalorados nos espaços públicos da nação brasileira.
Para além de uma mera dicotomia plebiscitária, o assunto tem ganhado merecida importância estratégica nacional. O debate das chamadas cotas raciais situa-se no centro temático do desenvolvimento nacional e se transforma naquilo que Milton Santos, Abdias do Nascimento e Otavio Ianni falavam há décadas: o racismo brasileiro é uma questão nacional e não só de responsabilidade dos negros brasileiros, ela o é de todos os brasileiros.
É verdade que não existe raça e que classificar pessoas racialmente não é a melhor medida para realizar igualdade material para milhões de homens e mulheres negras. Sendo uma invenção liberal, não tenderá, no futuro, pelos limites desta, a resolver os dilemas de uma sociedade emancipada. Entretanto, se modificarmos as denominações presentes nas políticas atuais (desracializando- a, semanticamente) e utilizarmos a categoria “pobreza”, “grupos vulneráveis” e vítimas de discriminações (cor, sexo, regionalidade, condição física, social e cultural) no lugar de raça, localizaremos os mesmos segmentos que os renomados organismos públicos e privados identificam como negros e pardos e que fazem parte da maioria da população brasileira.
É preciso desvendar os verdadeiros interesses que estão por trás dessas polêmicas nacionais. No que resulta o sucesso de tais medidas? Um incremento acelerado de inserção social de grupos expressivos da população brasileira no acesso às riquezas, políticas públicas e poder político. Um verdadeiro plano de aceleração da igualdade material. Por isso, esta contenda possui contornos ideológicos e econômicos, não apenas legislativos e políticos. Quem intenta contra as cotas é também quem perderá, no futuro, com as medidas contra-hegemô nicas de privilégios de classe, plasmada em privilégios étnicos raciais, em nome da perpetuação histórica de um modelo de justiça, de Estado e de sociedade fundadas em matrizes gregas, medievais e liberais.
O pano de fundo da democracia plena e da realização da igualdade no dizer de Perelman é a visão de justiça e com ela a visão de Estado. Rawls, comunitarista liberal americano, veste-se da mesma linguagem para afirmar que a justiça pode ser realizada pelos estertores de um princípio artificial: a aplicação da equidade, simbolizada no respeito às diferenças. Ora, sabemos qual visão de justiça e de Estado do partido DEM e de seus aliados. Sabemos a visão de justiça de certa militância de esquerda - muitas delas fundadas numa mesma matriz racionalista, logocêntrica e negrofóbica. O pano de fundo no dizer de nossos maiores pensadores, Marcos Cardoso, Kabengele Munanga, José Jorge, Luiz Felipe de Alencastro, Sueli Carneiro é o sucesso das cotas ações afirmativas no Brasil desde a década de 30.
O mundo já nos visita e já temos como ensiná-lo a reproduzir em seus países um plano de aceleramento do crescimento pela igualdade das pessoas que se diferenciam pelos motivos que são discriminados. Já que, para agradar justamente quem a inventou, não devemos falar de raça.
*Sérgio São Bernardo é advogado, professor da Uneb e presidente do Instituto Pedra de Raio-Justiça Cidadã.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Liberdade feminina

[...] MÃES RECLAMAM DO CANSAÇO QUE PROVOCA A DEDICAÇÃO AO TRABALHO E O CUIDADO COM OS FILHOS; ELAS QUEREM FÉRIAS DELES TAMBÉM


Conversei com a mãe de uma garotinha que completa três anos neste semestre e que foi matriculada na escola pela primeira vez no início do ano. O problema, segundo a mãe, é que a menina fica desesperada na hora de ir para a escola e chora o tempo todo que lá fica.
Durante nossa conversa, essa jovem mulher disse que está esgotada porque preferiria não levar a filha para a escola, mas não tem escolha por causa do horário de trabalho e da indisponibilidade de sua mãe, que, até então, dera conta de ficar com a neta. Essa mãe não está sozinha ao viver esse dilema, não é verdade?
Uma pesquisa recente apontou que bebês de até quatro meses têm sido alimentados com comida industrializada com frequência. Que tal uma lasanha congelada no almoço e umas bolachas recheadas para o lanche dessas crianças? Mães de todas as classes sociais têm feito isso e um dos motivos é que não sabem cozinhar.
Um número enorme de mães reclama do cansaço que provoca a dedicação ao trabalho e o cuidado com os filhos. Elas querem férias deles também, como têm no trabalho. Babás trabalham diuturnamente para muitas mulheres que não dispensam folguistas nem nos feriados. Alguns pediatras informam que muitos bebês e crianças vão ao consultório acompanhados apenas de suas babás.
Em salões de beleza, é comum encontrar mulheres acompanhadas das filhas pequenas que se inquietam, choram, fazem birra. O mesmo ocorre em restaurantes, shoppings, aeroportos etc.
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, esses dados e outros devem nos fazer refletir sobre a liberdade da mulher no mundo atual.
Em tempos em que a mulher pode marcar presença em quase todos os segmentos profissionais, pode ter filhos casada ou não, com parceiro ou não, pode estabelecer e romper relações amorosas quando quiser, pode cultivar sua aparência de acordo com seus anseios e disponibilidade financeira, ter autonomia econômica etc., parece que desfruta de uma liberdade sem fronteiras.
O problema é que nem sempre a mulher reconhece que muito do que faz não é por escolha. Sim. Na atualidade, ela está submetida às mais variadas pressões, muitas delas tão sutis que se travestem de seus propósitos pessoais. Conhece o ditado popular "o que não tem remédio, remediado está"? Podemos transformar em "o que não tem escolha, escolhido está" no caso das mulheres.
Como liberdade é poder escolher, conseguir realizar sua opção e abdicar das outras, podemos dizer que a liberdade feminina anda plena de restrições. E, depois da fase "mulher maravilha", o cansaço bateu.
O que fazer com os filhos que precisam da disponibilidade (não da presença física) em tempo integral da mãe, com os anos que passam e com a aparência física que perde o frescor, com os embates competitivos no campo profissional que desgastam e sugam energia, com as obrigações sociais, com a solidão habitada por multidões de "amigos"?
E agora, Maria?
Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 4/3/2010
Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0403201019.htm

UM GRANDE DISPARATE: A MULHER CRISTÃ

texto de Adriano Camargo Monteiro

O que leva uma mulher a ser cristã? Ou melhor, o que leva uma mulher a ser de qualquer uma das três maiores religiões espúrias, opressoras, misóginas e agressivas do mundo? Pois essas religiões foram e são a vergonha da civilização, uma infâmia, uma difamação e desrespeito à vida e, principalmente, à mulher. Religiões que cultuam exatamente o mesmo e único Deus mas que, no entanto, combatem-se mutuamente de maneira agressiva e insana. É claro que os indivíduos inteligentes, os seres pensantes e livres, sabem quais são essas pseudorreligiões de desgraça e sofrimento.
Eis o maior disparate!
Em pleno século XXI, onde os grilhões dogmáticos de nocivas religiões patriarcais e misóginas estão mais frouxos (ou inexistentes para muitas pessoas), há ainda muitas mulheres temerariamente apegadas ao Deus machista do monoteísmo e aos seus seguidores. E podemos ficar perplexos ao ver que ainda existem mulheres que se humilham irracionalmente diante de um confessionário, em público, para que todos a vejam! Sem falar de muitos outros comportamentos deploráveis mundo afora, nas paredes internas dessas falsas religiões e de lares monoteístas que mais parecem masmorras disfarçadas.
Muitas mulheres foram e ainda são torturadas e assassinadas covardemente em nome de certos monoteísmos fundamentalistas, religiões nada divinas nem abençoadas, sem qualquer direito à defesa. Desnecessário dizer que os assassinos são homens com uma misoginia inata elevada ao extremo por causa de uma educação maldita nas celas de tais religiões. O ódio à mulher e o fanatismo violento e irracional imperam nesses "mundinhos".
É fácil forjar julgamentos com base em mentiras que jamais serão contestadas, deixando a mulher sem qualquer salvação para morrer terrivelmente nas mãos do monoteísmo.
Como é facilmente (ou não) observável, o monoteísmo é uma limitação, uma restrição à vida e ao progresso, uma degeneração...
Mas o monoteísmo cristita (o foco deste texto) é também uma combinação velada e deturpada de antigos cultos politeístas e panteístas e de cultos monoteístas primitivos pré-cristãos, uma verdadeira colcha de retalhos.
Um tal monoteísmo, de obstrução, de coerção e de exclusão, que desde seu surgimento prega a submissão da mulher, jamais poderia ser aceito pelo sexo feminino. Os maiores e mais conhecidos seguidores desse monoteísmo absurdo sempre depreciaram a imagem feminina, sempre inferiorizaram a mulher. Todos sabemos das atrocidades monoteístas ao longo da história e sua nefasta influência nos dias de hoje, por meio de seus dogmas espúrios aceitáveis pelas mentes fracas e temerárias. E a fraqueza podemos ver em seu Deus moribundo, agonizante, deprimente, em seu culto de dor e sofrimento desnecessários, um culto escravagista, um culto de pseudovítimas do mundo e do destino e de menosprezo às forças femininas da vida.
Tentaremos demonstrar, pelo que segue, que a situação da mulher pode ser triste e lamentável, ainda hoje.
Como exemplos, sobre as mulheres temos aqui algumas lamentáveis citações desse monoteísmo estagnado e rançoso e de seus "fiéis" presunçosos:

"Que as mulheres aprendam no silêncio a sua sujeição." São Paulo de Tarso
"Vós, mulheres, sujeitai-vos ao homem como ao Senhor." São Paulo de Tarso
"Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio." São Paulo de Tarso
"As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei." São Paulo de Tarso
"Casamento de divorciados é uma praga social." Papa Bento XVI
"...alastra-se as feridas dos divórcios e das uniões livres." Papa Bento XVI
"O ministério sacerdotal do Senhor é, como sabemos, reservado aos homens." Papa Bento XVI
"...não se poderá oferecer mais espaço, mais posições de responsabilidade às mulheres." Papa Bento XVI
"Não há manto nem saia que pior assente à mulher ou donzela que o querer ser sábia." Martinho Lutero, reformador protestante
"As mulheres casadas, as crianças, os idiotas e os lunáticos não podem legar suas propriedades." Rei Henrique VIII, da Igreja Anglicana
"...a mulher é mais amarga do que a morte; quem é bom aos olhos de Deus, foge dela, mas o pecador será sua presa." Bíblia, Eclesiastes 7:27
"Por causa da formosura da mulher pereceram muitos: porque daí é que se ascende a concupiscência, como fogo." Bíblia, Eclesiástico 9:9
"Da mulher nasceu o princípio do pecado, e por ela é que todos morremos." Bíblia, Eclesiástico 25:33
"Deus disse também à mulher: eu multiplicarei os trabalhos de teus partos. Tu parirás teus filhos em dor, e estarás debaixo do poder de teu marido, e ele te dominará." Bíblia, Gênesis 3:16
"Se uma mulher, tendo usado do matrimônio, parir macho, será imunda sete dias." Bíblia, Levítico 12:2
"Se ela parir fêmea, será imunda duas semanas." Bíblia, Levítico 12:5
"Se um homem tomar uma mulher (sexualmente), e ela não for agradável a seus olhos por causa de algum defeito vergonhoso, fará um escrito de repúdio e a despedirá de sua casa." Bíblia, Deuteronômio 24:1
"Se hoje queimamos as bruxas, é por causa de seu sexo feminino." Leonard de Vair, inquisidor
"A mulher é mais carnal que o homem; vemos isto por suas múltiplas torpezas... Existe um defeito na formação da primeira mulher, pois ela foi feita de uma costela curva, torta, colocada em oposição ao homem. Ela é, assim, um ser vivo imperfeito, sempre enganador." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"...é bruxaria quando a mulher é impossibilitada de concenber ou aborta após ter concebido." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"Os males perpetrados pelas bruxas modernas excedem todos os pecados já permitidos por Deus." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"(...) não importa o quanto sejam penitentes (as bruxas): é preciso que sofram a penalidade extrema." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"Tão hediondos são os crimes das bruxas que chegam a superar, em perversidade, os pecados e a queda dos anjos maus." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"(...) em meio a todos os animais selvagens não se encontra nenhum mais nocivo do que a mulher." São João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla
"...que (a mulher) viva sob uma estreita vigilância, veja o menor número de coisas possível, ouça o menor número de coisas possível, faça o menor número de perguntas possível." Xenofonte, historiador, soldado e mercenário grego
"Mulher, tu és a porta do inferno." Tertuliano, teólogo cristão e advogado
"Lembre-se do grande número de trabalho que temos tido para manter nossas mulheres tranqüilas e para refrear-lhes a licenciosidade." Marco Pórcio Catão, senador romano
"... as mulheres são disformes e vergonhosas quando nuas." Ambroise Paré, cientista e médico
"...o corpo histérico da mulher só pode conduzi-las à desordem moral." Françoise Rabelais, médico
"Dai aos varões o dobro do que dai às mulheres." Alcorão, Cap.IV, Vers.11
"Os homens são superiores às mulheres porque Deus lhes outorgou a primazia sobre elas. Os maridos que sofrerem desobediências de suas esposas podem castigá-las, deixá-las sós em seus leitos e até bater nelas." Alcorão, Cap.IV, vers.38
"Não se legou ao homem calamidade alguma maior do que a mulher." Alcorão, Cap.XXIV, vers.59
"A mulher deve adorar o homem como a um Deus. Toda manhã, por nove vezes consecutivas, deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe: 'Senhor, que desejais que eu faça?" Zarathustra, filósofo persa monoteísta, século VII A.C.
"Inimiga da paz, fonte de inquietação, causa de brigas que destróem toda a tranquilidade, a mulher é o próprio Diabo." Petrarca, poeta italiano do Renascimento
"Enquanto houver homens sensatos sobre a terra, as mulheres letradas morrerão solteiras." Jean-Jacques Rousseau, escritor francês, precursor do Romantismo
"Todas as mulheres que seduzirem e levarem ao casamento os súditos de Sua Majestade mediante o uso de perfumes, pinturas, dentes postiços, perucas e recheio nos quadris, incorrem em delito de bruxaria e o casamento fica automaticamente anulado." Constituição Nacional Inglesa, século XVIII
"As mulheres nada mais são do que máquinas de fazer filhos." Napoleão Bonaparte, imperador francês
Suficiente. É possível ficar atordoado com tantos absurdos patéticos.Temos também, hoje em dia, muitas piadas machistas e de mau gosto que inferiorizam a mulher, geralmente de homens com uma educação cristita, mesmo que sejam negligentes, homens que foram criados desrespeitando as mulheres e que jamais mudarão. Em muitos casos, esses comportamentos são inconscientes e mecanoides, impulsivos, pois a predisposição de hostilizar a mulher parece já fazer parte do inconsciente coletivo masculino.
Tal é a torpeza e ignorância desses homens. Sem as mulheres, obviamente, não existiríamos, e o mundo seria tão monótono, apático, sem sabor e com um terrível e pesado cheiro de escroto!
A mulher sempre foi vista sob a uma dicotomia inconciliável. O feminino é sim o oposto do masculino; os dois são pólos que se complementam, e não opostos que devem estar separados.
Pelo que precede, podemos ver que a mulher, por muito tempo, foi considerada pela religião monoteísta como um ser inferior e, até mesmo, como o próprio mal. É fácil constatar isto quando estudamos o passado dessa religião e suas barbaridades para conquistar poder, domínio sobre as massas e riqueza. Se não bastasse sua forçada condição inferior, a mulher também era vista como a consorte do Diabo, chamado Satã pelos cristitas.
Mas como tachar de mal ou maligno (Satã) algo que é pré-existente ao nosso mundo, já que nosso conceito de bem e mal não existia porque a raça humana ainda não havia sido criada? Esse conceito só existe entre os seres humanos! Concluímos, então, que o mal e o Diabo são pré-humanos e que o próprio Deus os criou! Ou, então, não era o mal! Ou que o próprio Deus é o Diabo disfarçado (para quem acredita no Diabo)! Ou, talvez, Satã tenha surgido de algum outro lugar. Ou alguma outra coisa, que não seja Deus, o criou. Concluímos também, que a maldade, a misoginia e o machismo hipócrita estão implícitos nesse Deus e que seu exemplo foi seguido por milhões de cristitas ao longo da história.
A Bíblia diz que a mulher foi proibida por Deus e tentada pelo mal (equivocadamente Satã, a Serpente, o Diabo) logo após sua criação a partir do homem (literalmente, um absurdo biológico!). Mas, podemos entender que a primeira mulher (Eva) provavelmente já era maligna, pois caiu em tentação e arrastou Adão e toda a futura prole humana à desgraça! Podemos entender também que esse Deus bíblico misógino e iracundo criou a primeira mulher má! Outro absurdo! Sorte de Lilith, que escapou desse fardo! Assim a culpa toda recaiu sobre Eva, supostamente a primeira mulher má da face da Terra! A mulher, que por meio da malícia de Deus, tornou desgraçado e inferior todo ser do sexo feminino! Com exceção de Lilith, mulher não submissa, contestadora, que se defende que revida uma ofensa, que faz escárnio de homens tolos com testosterona pululante e desequilibrada.
Na Bíblia, a mulher já é criada com proibições, ameaças e limitações. O plano traçado na Bíblia é de submissão e dominação no qual o homem manda e a mulher obedece, sejá lá o que for. Todas as neuroses, recalques, angústias, medo, dissociações e disfunções psicossexuais já foram previstos na Bíblia para se levar a cabo uma dominação baseada nas ideias de proibição, restrição, pecado, impureza, vergonha, punição, sofrimento, escravidão. Isto tudo está registrado nos textos bíblicos, pois Deus estende todas essas maldições a todos os descendentes do primeiro suposto casal humano, incluindo enfaticamente a dor do parto às mulheres. Insano! Absurdo! Hilário! É um plano que parece reduzir a mulher a um mero vaso de esperma e a uma serviçal doméstica e temerosa. Essa ideia foi cultivada e estendida além da razão e do discernimento, chegando aos absurdos conceitos e comportamentos "religiosos", como podemos ver nos exemplos citados e na própria história suja e sangrenta do monoteísmo. Aliás, essa própria ideia bíblica constitui uma irracionalidade e falta de bom senso, propagada por um Deus (ou Diabo?) sempre iracundo e vingativo quando contrariado, mandando e desmandando, sempre irado com sua cria, dando com uma das mão e tirando com a outra.
Isso tudo não é mais tão evidente para as grandes massas. Contudo, a mulher ainda sofre discriminação, violência (física e moral), desigualdades sociais e é tratada com um certo menosprezo na sociedade, inclusive no trabalho e no próprio lar (cristão, como dizem). Afinal, essas e outras diretrizes já foram "receitadas" na Bíblia e em outros textos do gênero.
Tal é a herança cultural e social que temos hoje. A civilização ocidental está condicionada aos paradigmas há muito impostos pelo decadente monoteísmo patriarcal misógino, e realmente não tem consciência de sua nefasta influência no cotidiano e na vida como um todo. Afinal, o comodismo é sempre bem-vindo pois é mais fácil engolir dogmas e costumes prontos e enlatados sem precisar raciocinar, sem precisar se esforçar para mudar o rumo, a mentalidade, as crenças...
Aí está a origem da continuidade das famílias e mulheres cristitas que já nascem em um ambiente repleto de proibições, ameaças, punições, falsos moralismos, ideias de pecado, Diabo e inferno, e, em muitos casos, num ambiente quase ditatorial. Sabemos que as mulheres são especialmente "bem-vindas" na cristandade porque, paradoxalmente, são elas quem possuem o poder de levar o restante da família, e até seus parentes, para a prisão doentia do monoteísmo, sob imposição de seus "superiores".
Mas, nos dias de hoje, não há mais o porquê de ser cristita. As mulheres, que tanto querem igualdade (e com razão), não precisam ser cristãs, não precisam se submeter ao patriarcalismo hipócrita que se infiltra em todos os aspectos da sociedade. Elas podem ser livres, seguir uma religião ou filosofia mais condizente com a liberdade de expressão, com o respeito ao feminino, com o respeito à natureza e com o sagrado dentro de cada uma delas. Podem, sem medo de repressão, adotarem uma vida psicomentalmente mais saudável, prazerosa, alegre, sem as ideias de pecado, impureza, condenação e sofrimento, sem os recalques causados pelo monoteísmo patriarcal e seus dogmas perniciosos disfarçados de santos.
Se no mundo existisse só o monoteísmo, seria extremamente monótono...
Contudo, apenas as mulheres fortes e obstinadas conseguem mudar seus paradigmas psicomentais e se emancipar. Senso comum, comportamento de rebanho, debilidade e a moral de escravo são coisas para as massas, como tem sido há milênios.
Depois de tantas frases desprezíveis sobre a mulher, vamos, agora, enaltecê-la apenas com uma, eloquente o suficiente para dispensar comentários: