domingo, 31 de agosto de 2008

Mulher e Trabalho: Em busca da justiça igualitária

A divisão sexual do trabalho é uma categoria utilizada pelas Ciências Sociais para indicar que em todas as sociedades, homens e mulheres realizam tarefas distintas. Entretanto, as tarefas atribuídas a cada sexo variam de cultura para cultura, ainda dentro da mesma cultura, de uma época para outra. Nota-se então, que o fator religiosidade foi, e ainda é, influenciador na nossa cultura e na construção de políticas públicas específicas. A divisão sexual do trabalho é resultado desses costumes patriarcais e reforçado pela não laicidade do Estado. A presença da mulher no trabalho assalariado dobrou entre 1970 e 1990, alcançando o número de quase 33 milhões de trabalhadoras em 1999, o que corresponde a pouco mais de 41% da População Economicamente Ativa –PEA – (IBGE/PNDA-1999). Porém, esse aumento quantitativo não resolve os problemas das mulheres no mercado de trabalho, que ainda ganham menos, mesmo ultrapassando os homens em escolaridade. Ou seja a escolaridade não constitui um fator que permite as mulheres o acesso a postos de trabalho de igual qualidade ou remuneração que os obtidos pelos homens. A libertação do potencial produtivo da mulher é uma das condições essenciais para sua emancipação. Por isso, deve-se cobrar políticas públicas, e novos direitos que extinga, de uma vez por todas, a divisão sexual do trabalho.

A forma de organização do mundo condiciona a mulher ao trabalho doméstico, responsabilidade esta, atribuída cultural e socialmente ás mulheres, desde o surgimento da propriedade privada, em que o homem viu-se desejoso de passar seu patrimônio aos seus filhos, e de consequentemente ter certeza de que realmente eram seus. A posse da mulher como um “patrimônio gerador de herdeiros”, as obrigava a ficar em casa, responsáveis pelo trabalho doméstico e educação dos filhos, garantindo assim, a certeza da paternidade.

Segundo Marx, em “A ideologia alemã”, a primeira forma de opressão existente, foi a do homem sobre a mulher. Contudo, a concepção desenvolvida por Marx e Engels apresenta uma série de problemas, tendo merecido uma crítica profunda, não só por parte das teóricas feministas, de antropólogos, historiadores, e outros, mas também de muitos daqueles que têm utilizado a perspectiva marxista de análise social. Um ponto fundamental é a crítica feminista em relação á divisão natural do trabalho.

Segundo Marx, e posteriormente Engels em “A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, a primeira divisão do trabalho na família se dá através doa to sexual e da procriação. A apontam como uma divisão ‘natural”, como se o trabalho doméstico fosse inerente à condição feminina, ou como se fosse um fato da natureza doméstica hoje concentra 19% da população feminina economicamente ativa (IBGE/PNAD, 1995). Do total de trabalhadoras domésticas, 56% são negras, sendo 23% delas realizam jornadas superiores à 48horas semanais. Essas mulheres são penalizadas com a dupla jornada de trabalho, que é agravada pela discriminação racial. E só pra lembrar: 45,3% da população brasileira é formada por afrodescendentes.

Texto extraído do Fansine Marias. Ano 1, no 4, página 4

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