sexta-feira, 17 de abril de 2009

CRISE ECONÔMICA E GÊNERO

Audiência na Asembleia Legislativa pretende analisar a situação da mulher no mundo do trabalho e construir alternativas de superação da crise
O impacto da crise econômica na vida das trabalhadoras será tema da audiência pública que acontece no dia 29 de abril, às 9h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa da Bahia. O debate é uma iniciativa da Comissão dos Direitos da Mulher, presidida pela deputada Neusa Cadore, e terá entre as convidadas Alessandra Terribili, da Marcha Mundial de Mulheres, Ticiana Stuart da REF (Rede de Economia e Feminismo) e Cleusa Maria de Jesus Santos, presidente do SINDOMÉSTICO (Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Estado da Bahia). A audiência também presta uma homenagem ao dia de luta das trabalhadoras domésticas, comemorado anualmente no dia 27 de abril.
Embora faltem dados precisos sobre os reflexos da crise entre a população feminina, organismos nacionais e internacionais costumam fazer análises preocupantes sobre a conjuntura. De acordo, por exemplo, com a Organização Mundial do Trabalho (OIT), a crise vai afetar drasticamente a vida das mulheres da maioria das regiões do mundo, sobretudo na América Latina e no Caribe. De acordo com seu último relatório, divulgado em março, a previsão é que ainda este ano seja elevado para 22 milhões o número de desempregadas em todo o mundo.
Para Marinalva de Deus Barbosa, do SINDOMÉSTICO, a crise financeira também afetou a vida das trabalhadoras domésticas. “Muitas dessas mulheres perderam seus postos de trabalho ou se tornaram diaristas, em virtude da economia que houve no orçamento familiar”, relata. Na Bahia existem cerca de 500 mil trabalhadoras domésticas das quais 70% sem carteira assinada, o que exclui a categoria de inúmeros direitos conquistados por outros segmentos. A maioria das trabalhadoras domésticas é negra, com baixa escolaridades e responsável pelo sustento da família.
“Não é correto afirmar que foi a crise econômica atual que impôs mais desemprego às mulheres”, pondera Ticiane Stuart. Ela, que integra a Rede de Economia Feminista, organização que há alguns vem tentando compreender o mundo do trabalho a partir da economia feminista, observa essa realidade como fruto de um modelo neoliberal que vem se instalando há muito tempo e se apropriou da força de trabalho feminina de maneira. Ticiane ressalta que, ao contrário do que se esperava, as mulheres estão sendo mantidas nos postos de emprego, mas a partir de uma relação extremamente desvantajosa. “As mulheres são colocadas em condições de subemprego, porque são vistas como mão-de-obra mais barata”, frisa.
“A crise é a manifestação da falência de um modelo de desenvolvimento excludente, que objetiva o lucro desenfreado e reforça a desigualdade entre mulheres e homens”, opina a deputada Neusa Cadore. Na avaliação da parlamentar, a audiência pretende aprofundar esse debate, servindo ao mesmo tempo para a construção de alternativas de superação da crise e do estabelecimento de relações mais justas no mercado de trabalho.


Assessoria de Comunicação
Comissão dos Direitos da Mulher
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(71)3115-7148

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