GGB protesta contra repressão a homossexuais
Biaggio Talento | Agência A TARDE
O Grupo Gay da Bahia (GGB) aproveitou a realização das Cúpulas de Integração e Desenvolvimento da América Latina e Caribe e da União de Nações Sul-Americanas, no balneário Costa de Sauípe, para protestar nesta segunda-feira, 15, através de nota pública, contra a repressão aos homossexuais na região e “exigir” políticas públicas em todo Continente visando a garantir “cidadania plena e igualdade de direitos à população lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais”. Conforme o GGB “a cada dia um gay, travesti ou lésbica é assassinado nesta região, vítimas da homofobia”.
O decano do Movimento Homossexual Brasileiro, Luiz Mott, antropólogo da Universidade Federal da Bahia, diz que “ultrapassam 60 milhões os homossexuais no Caribe e América Latina. 90% das lésbicas e gays continuam enrustidos dentro do armário, pois temem ser a próxima vítima de discriminação, violência e assassinato”. A entidade levantou que de janeiro a novembro de 2008, já foram documentados 165 homicídios de gays e travestis no Brasil.
“Contando os crimes dos outros 44 países da região, com certeza, deve ultrapassar 365 execuções, um por dia”, disse Mott lembrado um dado da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) segundo o qual “a América Latina e Caribe formam a região onde se comete o maior número de crimes homofóbicos no mundo: mais de 2.700 assassinatos no Brasil entre 1980 e 2005; mais de mil no México nos últimos nove anos, e 50 na Argentina entre 1989 e 2004”.
De acordo com levantamento da Anistia Internacional divulgado pelo site Pinknews.com, acrescenta o militante gay, onze países ainda tratam a homossexualidade como crime: na América do Sul, a Guiana; na América Central, Belize; no Caribe: Antígua e Barbuda, Barbados, Dominica, Granada, Jamaica, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, e Trinidad e Tobago. “Todos são ex-colônias britânicas, que mantêm o mesmo código penal vitoriano”, assinala Mott.
Entre os chefes de estado latino-americanos a defenderem publicamente os direitos dos homossexuais são o presidente Lula, a presidente do Chile Michelle Bachelet e o do Equador, Rafael Correa. Para o GGB, o melhor exemplo de modernidade em reconhecer a homossexualidade como direito humano fundamental, foi dado pelo Equador, cuja antiga constituição criminalizava a “sodomia”, e “hoje tornou-se o primeiro país das Américas, depois da África do Sul, a incluir em sua Carta Magna a proibição de discriminar por orientação sexual”.
As entidades ligadas à ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis) exigem que os mandatários presentes no evento em Costa do Sauípe “defendam publicamente a cidadania plena e igualdade de direitos dos homossexuais”, se esfircem para abolir “todas as leis e posturas que discriminem ou criminalizem os homossexuais, tornando a homofobia crime com o mesmo status que o racismo” e “estimulem a aprovação e implementação de ações afirmativas visando o resgate da cidadania da população LGBT”.
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