sexta-feira, 20 de março de 2009

Casal de lésbicas usa fertilização para gerar gêmeos e pretende registrar crianças com nome das duas mães


Gabriela Moreira - Extra

Adriana Tito Maciel tem 26 anos e sempre sonhou ser mãe. Aos 15, assumiu para a família que era homossexual. Casou-se com Munira Khalil El Ourra, de 27, e, dentro de dois meses, elas serão mães de gêmeos: Ana Luísa e Eduardo (o que você acha da decisão do casal de engravidar por meio de inseminação artificial? ).

O sêmen foi comprado num banco de esperma, em São Paulo, e é Adriana quem está grávida. Mas a maternidade de Munira não é somente simbólica. Seus óvulos foram usados na fertilização in vitro e deram origem aos bebês. Isso porque os ovários de Adriana foram comprometidos devido à endometriose. O caso foi revelado pela revista "Época".

- Sempre tivemos o sonho de engravidar e ter filhos. Queríamos sentir como é dar à luz. A vontade da Adriana era muito grande, porém ela é infértil. Toda pessoa que descobre isso fica muito decepcionada. Procuramos o doutor Fernando Prado, que sugeriu que nós duas poderíamos participar e contribuir para a concepção dos nossos filhos - disse Munira, que deseja que sua participação na gestação seja incluída no registro de nascimento: - As duas serão chamadas de mãe. Nossa advogada vai lutar para que o nome das duas conste na certidão, para que possamos garantir o direito das crianças.

" Eu sempre quis ser mãe e tenho esse direito "

Casada com Munira há dois anos, Adriana diz que vive um dos melhores momentos de sua vida:

- Fiquei muito desiludida quando soube que não podia ter filhos. Já estávamos nos preparando para uma adoção, mas quando vimos que podíamos gerar os bebês, ficamos muito felizes. Eu sempre quis ser mãe e tenho esse direito.

Gestação é inédita no Brasil

Nem Munira nem Adriana tem a pretensão de substituir a figura do pai. Elas também não acham que a falta de uma referência masculina será sentida pelos filhos.

- Educar um filho não é fácil para ninguém, mas tentaremos, com todas as nossas forças, fazer com que nossos filhos saibam respeitar, amar, serem responsáveis e honestos. Desejamos que eles sejam pessoas que possam contribuir para um mundo melhor. Que saibam o valor da vida e o valor de cada um - diz Munira, completando: - Futuramente, podem perguntar o por quê de não terem pai. E isso será muito conversado e explicado. Mesmo não tendo um pai para criá-las, elas não serão diferentes de nenhuma outra criança. Milhões são criadas apenas pela mãe.

Bebê de proveta

Para que a gravidez fosse possível, elas contaram com a ciência. A técnica de fertilização em laboratório já é difundida há tempos, mas foi a primeira vez no Brasil que a medicina usou os óvulos da companheira da mãe para dar origem aos embriões.

- Em função da endometriose, Adriana perdeu a fertilidade. Então decidimos produzir os óvulos na Munira e depois implantá-los na Adriana. Isso é comum em casais convencionais em que a mulher é infértil, e deu muito certo com elas - afirmou o obstetra das duas, Fernando Prado, que tem especialização em reprodução humana.



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