quinta-feira, 3 de abril de 2008

CONFERENCIA TERRITORIAL LGBTT – Bahia

Pela primeira vez o Estado Brasileiro reconhece a existência das diversidades existente em nosso país, e convoca a primeira conferencia LGBTT, uma luta e reivindicação histórica do Movimento Homossexual Brasileiro. Contudo reconhecemos que o processo de construção dessa primeira conferencia pode acabar caindo em uma armadilha e cilada para nos LGBTT, que construímos e fazemos um movimento LGBTT de luta e de massas, e que de fato sabemos e reconhecemos as especificidades de nosso segmento.
Os processos de construção das conferencias no Estado da Bahia PODERIAM ter sido, democráticos e um tanto quanto político, porem reconhecemos que o mesmo se deu a partir de uma ótica puramente personalista, individualista de empoderamento pessoal para alguns. Não existe uma preocupação com o fim das opressões direcionada as Mulheres Lésbicas Baianas, pois se isso realmente existisse haveria um processo de respeito às opiniões diversificadas no campo das idéias e propostas o que chamamos de democracia e respeito.
Só para se ter idéias, numa imensidão de homens que constituem a Comissão Organizadora, apenas duas Mulheres estão na mesma, e é lamentável que anos de Luta das Mulheres Negras Feministas em relação à opressão Machista, Sexista, ao Patriarcalismo e o Racismo, as representações - de quem?, Lésbicas Negras que estão reproduzindo em seus métodos no processo de construção desta conferencia o papel de servidoras deste sistema social e Eurocêntrico em nome de uma rede falidos de debates teóricos. Que deveriam sinalizar aos LGBTS NEGRAS E NEGROS uma estratégia de políticas públicas para a redução de danos em nosso cotidiano.
Complicado termos que presenciar e vê reproduções tão nítidas de um modelo autoritário e opressor que tanto combatemos exaustivamente no nosso cotidiano. Sabemos que o modelo machista não se reduz tão somente aos machos, até porque muitas mulheres oprimem, humilham, matam, exploram outras mulheres.
Admirável perceber que apenas essas duas MULHERES fazem parte da tal de REDE AFRO GLBTT, uma rede virtual não conhecida no movimento LGBTT Negro. AQUI NA BAHIA SÓ TEM DUAS LÉSBICAS, que se dizem integrantes desta REDE VIRTUAL, que não tem a totalidade da representatividade política, social massiva dentro do Movimento LGBTTT Negro, seja chamada para compor a Comissão de organização desta I Conferência LGBT representando a comunidade LGBT Negra organizada, já que a mesma compactua em ter apenas uma (01) titularidade e uma (01) suplência e as outras redes reivindicaram e conseguiram ampliar de uma (01) para quatro (04), entre titulares e suplências, nos admira mais ainda esta rede defender a não cotização para delegadas Negras e delegados Negros nesta conferência, no mínimo esta rede não tem comprometimento com a Luta da Comunidade Negra e pelas Ações Afirmativas e nitidamente não almeja ampliar as Políticas Públicas para esta comunidade.
Para nós Lésbicas do Estado da Bahia existe um processo nítido de tentativa objetiva de silenciar e excluir lideranças dos movimentos que vêem nestes argumentos o Preconceito Racial, o Machismo e o Autoritarismo, ser exercido com o aval lastimável da Secretaria de Direitos Humanos - SEDH e em certa medida desta única representação LGBTT Negra nesta comissão, que está retrocedendo todo um processo histórico da Luta da Comunidade Negra e LGBT.
Sabemos a quantidade e qualidade das inúmeras violações e discriminações que a nossa comunidade enfrenta em todos os setores de nossa sociedade, o Machismo, a Misogenia, o Racismo e o Sexismo ao qual a comunidade LÉSBICA esta submetida dentro deste processo. Denominamos desrespeito e favorecimento privilegiado o convite feito a uma rede sem discurso e sem posição política definida, com o único intuito de forjar uma representação Negra dentro da I Conferencia LGBT é um extremo desserviço para com os ideais da comunidade NEGRA LGBTT.
Nesta 1ª Conferencia LGBTT, espera-se que todos estes anos de luta contra todos os preconceitos não só Homofobia, Lesbofobia, Transfobia, Racismo, Androcentrismo sejam os únicos paradigmas cerrados. Queremos de fato ser reconhecidas como sujeito de direitos, queremos construir Políticas Públicas coletivas e plurais, que consiga de fato alcançar o seio e todo o corpo da sociedade.
Nos Mulheres Lésbicas não queremos continuar no Mito da Caverna de Platão, fazendo de conta que estamos participando do processo político do nosso país. Enquanto o faz de conta acontece, nos ficamos e continuamos sem acesso a educação, a cultura, a segurança, sendo vitimadas pela anulação de direitos básicos para cada uma Brasileira e Brasileiro. Não precisamos de outros e outras para falar por nós. Se as nossas vozes não forem ouvidas iremos gritar cada dia mais forte e mais alto.

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